Crítica de Renfield – Dando o Sangue Pelo Chefe
Filme não se leva a sério e entrega a dose certa entre humor e violência
Como reimaginar uma história clássica para uma nova geração, sem ofender a obra original? Colocando o Nicolas Cage? Trazendo temas atuais, como relacionamentos abusivos e chefes que não respeitam a ética e os limites da jornada de trabalho?
Renfield, filme que estreia nesta quinta-feira (27) nos cinemas brasileiros, conta a história do fiel capanga do Conde Drácula, que percebe, em pleno século XXI, que a sua relação com o clássico vampiro não é das mais saudáveis.
Após procurar ajuda em um grupo de apoio para pessoas que vivem em relacionamentos abusivos, Renfield (Nicholas Hoult) decide se tornar independente e ir atrás da sua felicidade, tentando se libertar dessa convivência nada convencional.
Renfield, personagem que dá nome ao filme, apareceu pela primeira vez no clássico romance da literatura “Drácula”, de Bram Stoker, publicado em 1897, como um paciente em um asilo obcecado por beber sangue, sonhando em um dia encontrar a imortalidade.
Ele, então, se curva aos pés do Drácula, que o alimenta com insetos e ratos nesse ambiente de trabalho tóxico e relações codependentes, se tornando o leal capanga do vampiro.
O filme usa essa história clássica como base para reimaginá-la, colocando esses personagens da literatura nos dias de hoje, levantando discussões sobre amor, amizade, relações profissionais e abusivas.
Apesar da complexidade do tema, o discurso não mantém a mesma profundidade, já que o filme é uma comédia que não se leva a sério em momento algum, a começar pela escolha do seu antagonista, vivido pelo Nicolas Cage e o excesso de violência e sangue, ao estilo das produções gore.
O “Drácula Cageano” está repleto dos trejeitos do ator, conhecido por suas caras e bocas, e expressões que beiram ao completo ridículo, mas que proporcionam momentos genuinamente cômicos.
Se, por um lado, o ator se envolveu em inúmeras produções de baixíssima qualidade ao longo dos últimos anos, certamente não encontramos isso neste filme, que se assemelha muito mais a um “Mandy – Sede de Vingança” (2018), onde vemos um Nicolas Cage completamente sem filtro.
Em contrapartida ao vilão, temos um protagonista vivido pelo Nicholas Hoult, que praticamente reprisa o seu papel em “Meu Namorado é um Zumbi”, interpretando alguém que já deveria ter morrido, e que se alimenta de insetos para ficar poderoso, mas repleto de problemas de autoestima e completamente submisso ao seu mestre.
Aqui, além da motivação em ser independente, somos apresentados à Rebecca Quincy, personagem vivida pela Awkwafina, que vira o interesse amoroso do Renfield e a sua motivação para se rebelar contra o Drácula.
O filme é dirigido por Chris McKay, responsável pelos filmes “Uma Aventura Lego” (2014) e “Lego Batman: O Filme” (2017). Aqui, McKay aposta no humor e no excesso de violência para revisitar a história clássica do vampiro mais famoso da literatura.
O roteiro, por sua vez, é assinado pela dupla Robert Kirkman, criador da aclamada série The Walking Dead, e Ryan Ridley, um dos produtores da animação Rick and Morty. A junção da dupla, aqui, funciona muito bem, já que temos a dose certa do sobrenatural com tons de humor constantes.
Renfield – Dando o Sangue Pelo Chefe é uma comédia que parte do absurdo para entreter, não se comprometendo com nenhuma realidade, e distanciando a obra original dessa nova leitura. Divertido, despretensioso e rápido, pode ser um caminho para o universo de monstros da Universal, já que as tentativas anteriores não deram certo.
Ficha Técnica:
Renfield: Dando o Sangue Pelo Chefe
Título Original: Renfield
Gênero: Comédia
Duração: 1h33min
Direção: Chris McKay
Estrelando: Nicholas Hoult, Nicolas Cage, Awkwafina e outros.
Estreia nacional: 27 de abril de 2023
Nota: 7/10
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