Seu Império na Cultura Pop

CinemaCríticaMarvel

Resenha de Thor: Amor e Trovão

Thor: Amor e Trovão é o mais novo filme do deus nórdico da Marvel

Você já se sentiu vazio, como se faltasse algo em sua vida? Você não sabe exatamente o que falta, mas tem a noção de que não está completo, de que não consegue ser plenamente feliz. 

A sensação é de que você não encontrou a sua vocação, não consegue amar a si mesmo e, consequentemente, não pode ser amado. Tudo em sua vida é um buraco que precisa ser preenchido, mas você ainda não sabe exatamente como preenchê-lo.

Dos heróis do Universo Cinematográfico proposto pela Marvel em 2008, Thor é um dos remanescentes da formação original dos Vingadores, junto ao Hulk e ao Gavião Arqueiro.

E, de todos os personagens que tiveram seus conflitos emocionais ao longo dos vinte e nove filmes do MCU, o filho de Odin experienciou todas as fases do luto enquanto precisava lidar com as consequências de ser um símbolo e uma referência para a humanidade.

O herói asgardiano presenciou a morte do irmão, do pai, de membros da própria equipe dos Vingadores e, principalmente, teve que lidar com a impotência de não ser tão forte quanto imaginava, enfrentando as consequências da sua imprudência (sim, ele deveria ter acertado a cabeça do Thanos em Vingadores: Guerra Infinita).

Pôster promocional de Thor: Amor e Trovão. Foto: reprodução.

Em Thor: Amor e Trovão, quarto filme da franquia do deus nórdico e vigésimo nono longa do Universo Cinematográfico da Marvel, vemos um herói que, após experimentar todas as fases do luto, está em busca de um propósito para a sua vida.

Thor (Chris Hewsworth), agora, faz parte da equipe dos Guardiões da Galáxia, vagando pelo universo à procura de missões onde possa mostrar que é bom na única coisa que sabe fazer: ser um herói. Mas, nessa jornada, ele sente falta da única mulher que amou a sua vida inteira, a cientista e doutora Jane Foster (Natalie Portman).

O par romântico do deus nórdico, presente nos dois primeiros filmes da franquia, retorna para “Amor e Trovão” com um arco similar ao das histórias em quadrinhos, recebendo o nome de “Poderosa Thor”, sendo digna de levantar o Mjölnir.

Contudo, assim como nas HQs, Jane está com um câncer em estágio quatro e, toda vez que ela vira uma heroína, sua saúde fica ainda mais debilitada. Todo esse arco dramático é o coração do filme, sendo impactante ver o desfecho da personagem, ainda que a Marvel estrague tudo com a segunda cena pós-créditos.

Natalie Portman e Chris Hewsworth em cena de Thor: Amor e Trovão. Foto: reprodução.

O reencontro entre o casal acontece em meio a uma batalha com o vilão do filme, o Gorr (Christian Bale), o carniceiro, que está em uma caçada para exterminar todos os deuses, após perder a sua filha por um capricho de um Deus.

O vilão, como na maioria dos filmes do MCU, é genérico e não representa uma grande ameaça. Sua motivação é compreensível, mas igualmente superficial. Colocam-no tanto na posição de antagonista até de forma explícita, com a oposição de cores (o multicolorido Thor versus a ausência de cor do Gorr). No fim da história, parece que ele foi derrotado por uma conversa motivacional (reforçando a importância da terapia na vida dos heróis).

A história, sem grandes surpresas ou reviravoltas, segue o embate entre Thor, Jane e Valkyrie (Tessa Thompson) contra Gorr. Paralelo a isso, vemos a construção da vocação do deus nórdico enquanto líder e inspiração para os mais jovens.

Christian Bale vive Gorr, vilão do filme em Thor: Amor e Trovão. Foto: reprodução.

O asgardiano é colocado, em diversos momentos, diante de crianças, onde ele se coloca como um grande mentor, alguém que pode ensiná-los a serem grandiosos.

O filme, bem similar a Thor: Ragnarok, reforça a estética do diretor Taika Waititi, e quase emula as mesmas situações do longa anterior, provocando o humor de forma explícita, inserindo elementos que beiram ao ridículo, pelo excesso da repetição (estou me referindo aos bodes, claramente).

No final, o filme parece uma paródia de si mesmo, o que resulta em um sentimento de desperdício dos arcos dramáticos construídos, mas ressalta o humor que a Marvel abraça com unhas e dentes em todas as suas produções. Mais do mesmo, sem grandes inovações.

Thor: Amor e Trovão é a busca do deus nórdico da Marvel pelo seu propósito, seja como o herói que a humanidade precisa, como uma inspiração para jovens heróis ou, até mesmo, como um pai para uma criança desamparada. As possibilidades para o futuro são grandiosas, mas estão presas à fórmula dos vinte e oito longas anteriores.

FICHA TÉCNICA

Título original: Thor: Love and Thunder

Ano de lançamento: 2022

Gênero: Ação/aventura

Duração: 1h59min

Direção: Taika Waititi

Estrelando: Chris Hewsworth, Natalie Portman, Christian Bale, Tessa Thompson e outros.

Estreia nacional: 07 de julho de 2022

NOTA: 7,510

Fechado para comentários.