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Resenha do Filme: Tempo (Old)

Um suspense frágil sem brilhantismo

Como já diria o grande Cazuza, “o tempo não para”. Hoje em dia ele “voa”. Quer você queira ou não, o tempo está passando cada vez mais rápido. Podemos todos experimentá-lo da mesma forma, mas o tempo se permeia mais rápido para uns do que para outros. É através desta premissa inicial que o novo longa de suspense, Tempo, do cineasta, M. Night Shymala se baseia, pessoas envelhecendo rapidamente em apenas um único ambiente: uma praia.

O filme Tempo (Old) estreia nos cinemas Brasileiros em 29 de julho sendo uma adaptação da graphic novel francesa Sandcastle, de Pierre Oscar Lévy e Frederik Peeters, publicada originalmente em 2011. Shymala como roteirista e diretor do próprio filme resolveu tornar a adaptação mais individual, modificando muitos pontos do original (Sandcastle).

Filme Tempo. Foto: reprodução

A trama começa com um casal Guy (Gael Gárcia Bernal) e Prisca (Vicky Krieps) que são pais de Trent (Nolan River) e Maddox (Alexa Swinton) aproveitando as suas últimas férias em família, em um resort de luxo, antes do divórcio.  Ele é um auditor de seguros e ela uma curadora de museu que está doente por conta de um tumor. Os dois brigam muito e um dos motivos é o antagonismo funcional de suas profissões (isto ficou bem claro no filme). Enquanto Guy pensa mais no futuro (como auditor de seguro) Prisca pensa mais no passado (Curadora de Museu).

Ao chegarem no resort, e se instalarem a família aceita a sugestão do gerente de fazerem um passeio exclusivo em uma praia deserta. Para chegarem à praia é necessário usar uma van disponibilizada pelo resort e dirigida pelo próprio diretor (Shymala), nesta van além da família central, também chega uma outra família composta de um médico inglês Charles (Rufus Sewell), sua mãe, Agnes (Kathleen Chalfant), a mulher dele, Chrystal (Abbey Lee) que possui uma deficiência de cálcio e uma filha pequena, Kara (Mikaya Fisher). Já na praia, encontram um rapper de certa fama, com nome Mid – Sized Sedan (Aaron Pierre) que tem o nariz constantemente sangrando devido a uma doença presente no sangue. E pouco tempo despois chega o casal formado pelo enfermeiro Jarin (Ken Leung) e sua mulher Patrícia (Nikki Amuka – Bird) psicóloga que sofre com epilepsia. Um ponto em comum, presente na maioria dos personagens que estão na praia, é que todos eles estão ligados a uma enfermidade.

Quando todos estão reunidos a praia, o suspense começa a aparecer. As crianças Trent, Maddox e Kara brincando nas águas da praia, descobrem um corpo de uma mulher que acabara de falecer. A partir deste ponto, as crianças são as primeiras a serem impactadas pelo envelhecimento precoce que a praia provoca.  Elas chegaram à praia com 6 anos de idade e em poucas horas, já tinham 12 anos (sim, o dobro da idade). Por mais intrigante seja o motivo de envelhecimento dos personagens, a trama perde total sentido por não ter uma construção logica de diálogos que baseie e sustente o enredo, para torna-lo acima de tudo, crível.

Filme Tempo (Old). Foto: reprodução

O suspense é um gênero de filmes que concorre muitas vezes com terror, mas não pode ser confundido com este. Enquanto o Terror entrelaça o enredo em medo, sustos inesperados (jumps scares) e outras artífices o suspense foca na tensão, mas não só isso. É indispensável no suspense que o público saiba de todos os fatos envolvidos na história, do contrário, não existe suspense, perde-se o objetivo central. Os fatos elencados no filme precisam ser precisos e claros para que o público entenda a obra com perfeição, o suspense precisa ser convincente.

Em diversos momentos ao assistir o filme, perdi o interesse na trama, seja por não a entendê-la, seja por nem achá-la crível. Se torna difícil ou quase impossível imaginar que uma praia possa acelerar 1 ano de vida em apenas 30 minutos (isto fica explicado no filme).Portanto, quando o objetivo central do filme não se sustenta, já não existe mais suspense.

Nesse sentindo, o filme apresenta ao público um suspense frágil ao depositar o seu enredo em uma “luta” clichê de Vidas humanas contra o tempo que até poderia funcionar se tivéssemos boas atuações dos personagens para sustentar a trama.

Como dito anteriormente, outro ponto negativo do filme são as suas atuações. Uma coisa que pode salvar muitos filmes/séries ou até gerar trechos memoráveis em meio a um péssimo filme, são as atuações dos atores/ atrizes. O filme em questão, implora por boas atuações. Apenas para exemplificar tal afirmação: o primeiro corpo encontrado pelas crianças na praia era de uma mulher que tinha chegado a pouco tempo junto com o rapper (ela estava nua e estava a fim dele, como afirmado pelo próprio), todos ao verem o corpo se assustam (reação lógica) menos o rapper que parecia tranquilo com seu nariz sangrando. Em situações reais, a morte assusta (ainda mais de alguém conhecido a nós). Uma outra situação do filme é quando médico Charles em uma espécie de ataque psicótico pega um canivete e corta o rosto do rapper, a ferida feita se regenera em segundos, mostrando a todos que a praia tem um poder de regeneração quase que instantâneo.  

Há felizmente, uma atuação boa (nada espetacular) da mãe das crianças Prisca (Vicky Krieps) que consegue entregar ao público, mesmo de forma singela um pouco do desespero de estar naquele ambiente estranho e mortífero.

Um ponto interessante e de destaque do filme foi a organização de movimentação das câmeras em ângulos para criar uma geometria na praia e movê-la independente dos personagens representando assim, a passagem do tempo.

Filme Tempo (Old). Foto: reprodução

Por outro lado, sobre as trilhas sonoras é inegável a importância delas para os filmes em geral. Neste filme, em especial senti falta de boas trilhas sonoras, como as instrumentais que poderiam elevar a tensão em algumas poucas partes. Uma boa trilha sonora em filmes de suspense ascende a experiência cinematográfica do público para com a obra. Fruto disso, é o famoso clássico de suspense dos cinemas, O iluminado do brilhante diretor Stanley Kubrick, que possui uma trilha sonora memorável.

Desta forma, comparando o filme Tempo com outras produções do próprio M. Night Shymala como fragmentado, sexto sentido e outros, podemos dizer que esta foi a ovelha negra de suas produções. O filme falha em apresentar diálogos poucos verossímeis ocasionando um desinteresse em relação a trama. Ele também peca em apresentar atuações ruins de seus personagens que não conseguem passar ao público o real desespero de estar em uma praia que mata a todos em questão de poucas horas.

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