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Resenha: Noite passada em soho

Um suspense psicológico indelével que se diferencia de todos os outros do gênero

Sonhar é bom, sonhar é divertido. Quando o sonho é ruim podemos chamá-lo de pesadelo e almejamos o mais rápido possível fugir dele. Mas, quem foi que nunca teve um sonho diferente e passou o dia inteiro pensando nele? A linguagem dos sonhos é simbólica, ou seja, ela é pessoal, uma vez que ela está atrelada ao nosso íntimo, aos nossos sentimentos. Uma coisa é certa, não há limite para quem sonha.

Ao sonhar, podemos ser quem quisermos ser, podemos voar, podemos ter poderes, podemos nos transformar, podemos viver em um universo sem ele nunca ter existido, podemos sonhar uma vida com aquela pessoa que somos apaixonados. Podemos ser tudo e podemos não ser nada. Sonhar é liberdade de criação. Sendo assim, no cinema não poderia ser diferente da realidade, é arte pela arte.

O “poder” dos sonhos é tão forte e incrível que podemos nos imaginar no maravilhoso universo de Harry Potter ao lado de Harry, Hermione e Rony combatendo o famoso e maligno bruxo Voldemort, ou ainda que estamos dentro da famosa estrela da morte, recebendo uma missão especial de assassinar todos os jedis, vinda do próprio Darth Vader. Podemos também sonhar, que estamos agora mesmo no Novo México, dentro de um laboratório clandestino produzindo a Metanfetamina mais pura dos Estados Unidos, ao lado do Brilhante e ardiloso Heinserberg. Como dito anteriormente, não há limite para quem sonha.

Presenciamos ao longo dos anos, diversas produções cinematográficas onde seus enredos são construídos sob a temática dos sonhos. Apenas um exemplo clássico e que foi bem acalmado pela crítica é: o filme “A Origem” (2010) com direção de Christopher Nolan. Fato é, que as grandes produtoras de filmes e séries de televisão estão explorando cada vez mais o mundo dos sonhos.

Noite passada em Soho, novo filme do diretor Edgar Wright vai explorar brilhantemente a perspectiva dos sonhos, sob duas óticas a do moderno e a do antigo construindo gradualmente o seu suspense psicológico. Na história, Eloise (Thomasin McKenzie), uma jovem tímida e sensível, que vive no interior da Inglaterra, deixa a casa de sua avó (Rita Tushigham) em busca dos seus sonhos: o de morar em Londres e estudar design de moda em uma renomada universidade. Quando aluga um quarto, em uma velha casa localizada no soho, Eloise, ao dormir começa a ter sonhos e visões da vida de Sandie (Anya Taylor- Joy) uma jovem, que almeja ser cantora e que buscou a fama na Londres de 1960, com ajuda do seu agente empresário Jack (Matt Smith).

Universal Pictures Belgium
Anya Taylor-Joy e Matt Smith. Foto: reprodução

A partir deste ponto, a trama vai transitando entre o moderno e antigo, entre a vida de Eloise e a vida de Sandie. Mas, antes de adentrar totalmente na trama Edgar Wright dedica acertadamente belos minutos do longa para fazer o público imergir pouco a pouco no mundo de Eloise. Podemos sentir na “pele”, toda angústia e dificuldade que uma menina do interior, acostumada com uma vida mais sútil e tranquila passa ao chegar na famosa e disputada cidade de Londres. A luta da personagem se baseia em seguir o seu caminho, em ter o seu lugar e se torna cada vez mais árdua, ao passar por assédio, exclusão na universidade, dificuldade em encontrar um trabalho e moradia.

Crítica: Noite Passada em Soho destaca elegância e terror psicológico
Anya Taylor-Joy. Foto: reprodução

Todo este show, é feito brilhantemente através de uma trilha sonora espetacular. Parece que todas as músicas foram escolhidas minuciosamente a dedo por Wright para se encaixar perfeitamente em toda cena e nós fazer revisitar a velha Londres. Mas, mais do que isso, o jogo de luzes com neon a fotografia e trilha sonora corroboram em criar um cenário único e melodramático da famosa e assustadora Londres da década de 60. Com todo este brilhantismo o “ferrão” do Suspense psicológico não poderia ser diferente, ele penetra agressivamente no público, ao nós fazer imergir e sentir toda aquela tensão, de ambientação, narrativa e trilha sonora juntas e conectas. É uma verdadeira obra de arte.

Embrulhado em neon e suspense, “Noite Passada em Soho” desperdiça ótima  ideia ao se perder no tempo; crítica | GZH
Anya Taylor-Joy. Foto: reprodução

Falando em arte, aqui merece um destaque para atuação da maravilhosa atriz Anya Taylor-Joy, que interpreta lindamente a aspirante a cantora Sandie, seja por sua linda voz ao cantar, seja por suas coreografias de dança. A atriz, com seu olhar profundo trajada em um deslumbrante vestido rosa da época, congela o público, ao nós mostrar o sofrimento de uma jovem que buscou de todos os artífices possíveis(prostituição), para ter o seu talento reconhecido. Sua atuação “exalava” suspense misturado com toque de melodrama, fizeram dela, um pilar estruturante e triunfal para o longa.


O outro pilar deste filme, se deve a atuação também exemplar da atriz Thomasin McKenzie que sintetiza toda a sua angústia e expressões de choque e horror ao se vê transitando entre os diferentes tempos (moderno p/antigo). Com uma maquiagem assustadora, o jogo de luzes gritante da cidade e a trilha sonora indescritível, fato é que, a trama consegue se sustentar lindamente através de sua atuação.

Edgar Wright's film Last Night in Soho stars Anya Taylor-Joy, Thomasin  McKenzie, and Matt Smith | EW.com
Thomasin Mckenzie. Foto: reprodução

Noite passada em Soho é um Thriller psicológico indelével e que se diferencia de todos os outros do gênero, uma vez que a sua imersão é centrada em uma das maiores riquezas da humanidade: a arte. É arte pela arte, com um referencial indescritível. Sem sombras de dúvida, é um filme que todos os amantes do gênero devem assistir.

FICHA TÉCNICA:

Nome: Noite passa em Soho (Last Night in soho)

Diretor: Edgar Wright

Gênero: Suspense/ Thriller

Estrelando: Anya Taylor-Joy, Thomasin McKenzie, Matt Smith, Diana Rigg…

Estreia Nacional: 18 de novembro de 2021


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