Crítica de A Morte do Demônio: A Ascensão
Filme usa conflitos familiares para estabelecer o terror e revitalizar o clássico de 1981
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Elementos religiosos são geralmente associados a maldições em filmes de terror. Eles podem ser a solução, em casos de exorcismo, ou a fonte do problema, como acontece na franquia A Morte do Demônio.
Em “A Morte do Demônio: A Ascensão”, o terror religioso é estabelecido a partir do conflito familiar envolvendo as irmãs Ellie (Alyssa Sutherland) e Beth (Lily Sullivan).
Ellie é uma mãe solo, que cuida dos três filhos – Bridget (Gabrielle Echols), Danny (Morgan Davies) e Kassie (Nell Fisher) – aos trancos e barrancos, sem ter estrutura dentro da própria casa.
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Já Beth é uma rockstar em ascensão, que precisa lidar com as consequências de uma vida dedicada ao trabalho, onde negligencia sua saúde e todo o resto, inclusive o contato com a sua irmã.
Quando Beth viaja até Los Angeles para encontrar a Ellie, o filme estabelece esses conflitos familiares para maximizar o caos, trazendo todo o terror diante da negligência – não só entre irmãs, mas entre pais e filhos.
O filme questiona a definição de família, e quais são os valores agregados à essa condução de um núcleo familiar saudável.
Será que alguém que passa a vida viajando tem condição de exercer a maternidade?
A presença em tempo integral garante um vínculo forte entre pais e filhos?
A família tradicional está imune a tragédias?
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A Morte do Demônio: A Ascensão é um filme que faz parte de uma franquia, então traz alguns elementos comuns aos outros filmes com o mesmo título, como o livro Necronomicon (Livro dos Mortos) e suas maldições, além do excesso de violência gráfica, gore e uma enxurrada de easter eggs para os fãs.
O Livro dos Mortos é uma criação do autor H. P. Lovecraft, e nas histórias do autor, é comum que todos aqueles que entram em contato com o livro percam a sanidade, apenas com um olhar.
Com diversas interpretações, a cultura pop o transformou em um símbolo de poder, que confere ao seu dono um certo status em troca de algo relevante em sua vida (e, por vezes, até a própria vida).
Se existe o sagrado, o Livro dos Mortos é, definitivamente, a personificação do profano.
Contudo, apesar de fazer parte de uma franquia, o filme consegue se sustentar de forma isolada, servindo até como um recomeço (reboot) da obra original, adaptando-a para uma nova geração de fãs do terror.
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O longa cumpre o papel de ser um filme desconfortável, fazendo o público se contorcer na cadeira com cenas de extrema violência gráfica, envolvendo até um ralador de cozinha.
A vontade de sair da sala para respirar só não é maior porque o filme consegue ditar o ritmo entre momentos de tensão com momentos de um certo alívio – o que, por um lado, também faz com que a obra perca um pouco da sua força narrativa, recorrendo à clichês do gênero, como jumpscares.
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O filme também sente um pouco da falta do protagonista da franquia, além da direção de seu autor original.
Não dá pra evitar a comparação entre o clássico de 1981, estrelado pelo Bruce Campbell e dirigido pelo Sam Raimi com a obra de 2023, que apesar de competente no trabalho de revitalizar uma obra-prima do cinema, não consegue se igualar.
A Morte do Demônio: A Ascensão é filme de terror acima da média quando comparado com algumas produções lançadas nos últimos dez anos, sendo mais um bom produto da atual safra de filmes de terror.
Contudo, quando comparado com a fonte original, o clássico dos anos 80, ele demonstra que até mesmo suas qualidades possuem limites.
FICHA TÉCNICA:
A Morte do Demônio: A Ascensão
Título Original: Evil Dead: Rise
Ano de Lançamento: 2023
Duração: 01h 37min
Direção: Lee Cronin
Elenco: Alyssa Sutherland, Nell Fisher, Lily Sullivan, Gabrielle Echols, Morgan Davies e outros
Estreia Nacional: 20 de abril de 2023
NOTA: 8/10
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